rock de pai
eu sou um certo tipo de nepobaby que existe no brasil. isso é, não sou herdeira de uma família de negócios, não consigo traçar minha árvore genealógica até sei lá quantas gerações, nunca vou gravar um episódio de um certo podcast pedindo perdão pelos crimes dos meus avós ou coisa parecida. mas sou filha de servidores públicos que foram esquerdistas na sua vida universitária. não sou a primeira geração da minha família a ir para a universidade, mas sim, a segunda. muitos dos livros que eu mais tenho gostado dos últimos tempos tratam da primeira geração. a tetralogia, a ernaux, o sobre a terra somos belos por um instante, por aí vai. leio esses livros e penso nos meus pais. minha mãe é do interior do ceará: nasceu no cariré, o google me informa que em 2020 a população ia lá por seus dezoito mil e poucos habitantes. ainda criança, a família se mudou para sobral, para nós, cearenses, os estados unidos de sobral. não devia ser muito assim na época. aos dezoito anos, minha mãe sai...