pensamentos por todos os lados
será que eu sou legal? será que eu sou bonita? será que eu sou simpática? ou: você me acha legal, bonita, simpática, charmosa e boba, boba, muito boba demais da conta por todas essas perguntas?
hoje eu tive análise e falei pra analista que comeria o pomo da discórdia pra não ter que tomar uma decisão. é mentira. não foi isso o que eu disse, mas assim fica melhor no registro. a verdade é que estávamos falando sobre prêmios, eu comeria o pomo da discórdia pra não premiar ninguém, nem a mim mesma.
também na análise falei sobre estar escrevendo no blog. sobre estar melhor na dissertação do que já estive antes. bom, alguma coisa é melhor do nada, então nesse sentido estou mesmo melhor na dissertação. mas falei sobre essa coisa do ritmo da escrita. como aqui eu fico feliz pela liberdade. meus parágrafos parecem não ter conexão alguma. posso pular de tópico em tópico sem medo de cair. hoje eu escrevi um pouco bem pouco na dissertação, mas de novo, um pouco bem pouco é melhor do que nada, e agora estou escrevendo aqui porque estou inquieta e quando fico inquieta parece bom escrever pra melhorar.
quando eu tinha catorze anos, vivenciei um pequeno milagre. acordei um dia e as palavras soul meets body estavam na minha cabeça. a explicação racional é que era o título de alguma fanfic na qual passei os olhos, mas não li. na minha explicação, deus sussurrou isso para mim enquanto eu dormia. joguei essas palavras no google e depois no ares (saudoso ares), e aí falei com meu amigo lucas cordeiro sobre a existência de uma banda recém descoberta chamada death cab for cutie. ficamos pesquisando e ouvindo músicas juntos, compartilhando a experiência pelo msn.
eu estou com sono e assistindo um episódio da reprise de américa no viva. querendo saber se é hoje que o tião vai montar no touro bandido. teve um dia que eu fiquei muito triste assistindo um episódio em que o tião e a sol estavam conversando e sol dizia que amor passava, sim, porque o amor dos dois tinha passado. e o tião, que ama a sol pra sempre, ficava consternado, e dizia que amor de verdade não acabava nunca. tudo me deixa triste: o amor acabar e ele não acabar. as duas opções. mas a verdade é que acaba, e que às vezes, quando acaba, é muito bom. e aí eu fico triste que seja tão bom o fim do amor.
talvez ele não monte no bandido hoje. não parece algo que acontece em uma segunda.
eu parei de escrever ontem isso, meia-noite, para ir dormir. nem vi se o tião montou ou não no touro bandido, mas acredito que não. agora são quase quatro horas da tarde e estou no trabalho, sentada com um livro no colo. muitas vezes me vejo na situação de sentada com um livro no colo, ou diante de um livro, e mexendo no celular. pobres livros. a atenção parece ser a coisa mais importante do mundo. aquela frase da simone weil. aqueles versos da ana cristina césar. em um texto lido para uma matéria, a filha falando do aprendizado da mãe, que não passou por vias formais: ela ouvia a televisão e prestava atenção. olhar para as coisas de verdade. ouvir as pessoas de verdade. estar diante de um livro com a cabeça nele e não na rolagem sem fim da internet. às vezes, eu simplesmente aceito a derrota: tem dias em que a dispersão vai vencer. tem dias em que eu quero lutar por um pouco de atenção. e tem dias em que a atenção cai sobre mim como um presente divino, um raio luminoso, eu não preciso de esforço algum para ela, ela é total e presente, e deliciosa. tenho aberto o blog pra escrever em momentos de dispersão porque é uma maneira de me concentrar nos meus pensamentos, ainda que eles estejam em todos os lugares. pelo menos aqui eu sou obrigada a uma ordenação.
hoje eu tweetei muito: uma forma de escrever a dissertação, escritura comparada, olhando o quanto um amigo meu no doutorado escreveu na dissertação dele. me acalma ver que dá pra cumprir curtas etapas. também falei da minha vergonha em ter falta de vergonha. para algumas coisas. claro. sinto que ficaria pelada na frente de todos os meus amigos mais próximos sem nenhum problema. ontem fui tatuar o peito e perguntei pra tatuadora se ela achava que eu precisava cobri-los de alguma maneira, a fim de não ficar constrangida. também tenho pouca vergonha em ter algumas conversas. como: posso te beijar? você quer isso aqui? você ainda quer isso aqui?, minha vergonha maior é pensar: meu deus. eu deveria ter vergonha do que estou dizendo. do corpo que estou mostrando. de falar tanta bobagem em voz alta. outro dia, conversando com a professora que eu amo, perguntei a ela: você acha que eu deveria ter mais medo?
isso dá uma impressão errada sobre mim. é uma confusão, na verdade. eu disse que tenho vergonha de não ter vergonha, mas, claro, eu também tenho a vergonha do primeiro grau. e eu também tenho muito medo. de muitas coisas. o principal deve ser o medo mais genérico de todos, medo de viver, ou então medo de estar vivendo errado. medo de estar vivendo errado e só me dar conta daqui a muitos anos. Porque agora, agoríssima, não parece que estou vivendo errado. Mas vai que eu estou e eu não sei. Vai que eu estou passando vergonha e eu não sei. Vai que eu estou sendo ridícula e eu não sei. Então tudo pode ser extirpado até isso aqui: medo de não saber. O medo mais bobo de todos. Digo bobo porque não saber é o estado principal de tudo. Você não sabe. Aí você descobre, ou pensa, ou se pergunta, ou pesa; aí você sabe alguma coisa, enquanto também não sabe tantas outras. Pra que ter medo? Eu escrevo essas coisas e o medo inteiro passa, menos o medo de não ter medo. Eu deveria ter mais medo? Eu deveria ter mais vergonha? Eu deveria me preocupar mais? Eu estou me dedicando ao imenso prazer de inventar problema onde não existe? Ou a angústia é real. Ainda que desnecessária. Simplesmente isso.
percebi que usei letras maiúsculas no parágrafo anterior só agora. que coisa doida. o que será que aconteceu no meu pensamento?
outro tweet que eu fiz hoje é que eu gosto muito que animais brinquem. eu gosto mesmo. me dá uma alegria sem igual. é bom brincar. os animais brincam. os animais se divertem. os animais se divertem juntos. isso não é incrível? isso não é bonito? esses animais que somos nós inventaram muitas formas de diversão. os outros devem ter inventado as suas também. os animais vivem e eles brincam e isso é lindo.
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